Diga-me, Mestre, por que todos os Grandes Mestres falam sobre a importância da não-condenação, do não-julgamento?
O Mestre deu ao discípulo um balão, no fundo do qual havia um pouco de terra, e pediu que ele ficasse na sua frente e o inflasse. O aprendiz começou a inflar.
– O que você vê agora? – perguntou o Mestre.
– Eu vejo você e a bola.
– Infle um pouco mais – pediu o Mestre.
O discípulo soprou várias vezes. A bola ficou maior.
– O que você vê agora?
– Quase não vejo você, vejo basicamente apenas uma bola, a sujeira se espalha pelas paredes.
– Encha ainda mais.
Depois que a bola ficou ainda maior, o Mestre perguntou novamente:
– O que você vê?
– Só uma bola suja e nada mais.
– Infle mais – disse o Mestre, e se afastou.
O discípulo obedeceu, continuando a soprar. Mas a bola não podia mais esticar e … explodiu, espalhando sujeira em todas as direções. O discípulo ficou sem palavras e ficou se examinando, todo coberto de lama.
– Isso é exatamente o que acontece quando você se concentra nas falhas, fraquezas e pecados das outras pessoas. Por causa da condenação, você deixa de ver a própria pessoa, e vê apenas seus pensamentos e sentimentos rudes de condenação, que podem explodir a qualquer momento e manchar não só você, mas também aqueles ao seu redor com sua sujeira, a menos, é claro, que você pare de “inflar” suas ideias impuras sobre os outros, – disse o Mestre.
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Somos muito rápidos para formar opiniões e tirar conclusões sobre uma pessoa. A mente egoica gosta de rotular os outros, de lhes atribuir identidades conceptuais, de os julgar com severidade.
Todos os seres humanos são condicionados para pensarem e se comportarem de determinada maneira – são condicionados tanto geneticamente quanto pelas experiências da infância e pelo ambiente cultural onde cresceram.
Não é isso que eles são, mas é o que aparentam ser.
Quando se emite um juízo sobre alguém, confundem-se as atitudes mentais condicionadas dessa pessoa com a identidade dela, o que, em si, é um comportamento inconsciente e profundamente condicionado.
Atribuímos uma identidade conceptual ao outro e ficamos presos, assim como a pessoa em causa, a essa falsa identidade.
Prescindir de fazer juízos não significa que não se veja aquilo que os outros fazem. Significa que se percebe e se aceita o comportamento deles como resultado do condicionamento. Significa que deixámos de construir a identidade de alguém tendo por base esse condicionamento.
E isto liberta-nos, a nós e à outra pessoa, da identificação com o condicionamento, com a forma, com a mente.
O ego deixa então de governar os nossos relacionamentos.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 95)
Canal / Autor: Eckhart Tolle
Fonte: https://www.facebook.com/vilma.capuano
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