Osho - "As emoções e o corpo" - Sementes das Estrelas

Osho – “As emoções e o corpo”

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O seu corpo não é simplesmente
físico. Muitas coisas penetraram nos seus músculos, na estrutura do seu corpo,
por meio da repressão. Se reprimir a raiva, o veneno vai para o seu corpo. Vai
para os músculos, vai para o sangue. Quando você reprime alguma coisa, isso
deixa de ser apenas um fenômeno mental e passa a ser físico também — porque, na
verdade, você não está dividido. Você não é corpo “e” mente; você é corpomente,
psicossomático. Você é as duas coisas ao mesmo tempo. Portanto, qualquer coisa
impingida ao corpo afeta a mente e qualquer coisa impingida à mente afeta o
corpo. Corpo e mente são dois aspectos da mesma entidade.
Por exemplo, quando fica com
raiva, o que acontece com o corpo? Sempre que você fica com raiva, alguns
venenos são liberados no seu sangue. Sem esses venenos você não enlouqueceria a
ponto de ficar encolerizado. Você tem certas glândulas no corpo e essas glândulas
liberam determinadas substâncias químicas. Ora, isso é científico, não é só
filosofia. O seu sangue fica envenenado. É por isso que, se tomado de raiva,
você pode fazer coisas que normalmente não faria. Quando está com raiva, você
consegue empurrar uma grande rocha — o que não conseguiria normalmente. Você
mal consegue acreditar depois, ao ver que conseguiu empurrar a rocha, atirá-la
longe ou erguê-la. Quando volta ao normal, você não consegue mais erguê-la,
porque já não é mais o mesmo. Certas substâncias químicas estavam circulando na
corrente sanguínea, você vivia um estado de emergência; toda a sua energia foi
canalizada para a ação.
Mas, quando um animal fica
enraivecido, ele simplesmente fica enraivecido. Ele não tem nenhuma moralidade
quanto a isso, nada lhe foi ensinado a respeito; ele simplesmente fica
enraivecido e a raiva é expressada. Quando você fica com raiva, a sua raiva é
parecida com a de qualquer animal, mas então existe a sociedade, a moralidade,
a etiqueta e milhares de outras coisas. Você abafa a raiva. Tem de mostrar que
não está com raiva, tem de sorrir um sorriso falso. Você força um sorriso e
abafa a raiva. O que acontece com o seu corpo? O corpo está pronto para brigar
— ou brigar ou tugir do perigo, ou enfrentá-lo ou fugir dele. O corpo está
pronto para fazer alguma coisa — a raiva é só a prontidão para fazer alguma
coisa. O corpo ia ser violento, agressivo.
Se você pudesse ser violento e
agressivo, então a energia seria extravasada. Mas você não pode — não é
conveniente, por isso você a abafa. Então o que acontecerá com todos esses
músculos que estavam prontos para ser agressivos? Eles ficarão atrofiados. A
energia os está pressionando para serem agressivos e você está fazendo uma
pressão contrária para que não sejam. Haverá um conflito. Nos seus músculos, no
seu sangue, nos tecidos do seu corpo haverá um conflito. Eles estão prontos
para expressar algo e você os pressiona para que não se expressem. Você está
reprimindo os seus músculos. Então o corpo fica atrofiado. Isso acontece com
todas as emoções, dia após dia, durante anos. Então o corpo fica todo
atrofiado. Todos os nervos ficam atrofiados; deixam de fluir, não são mais
caldais, não estão mais vivos. Eles ficam mortos, foram envenenados e ficaram
todos emaranhados. Não são mais naturais.
Olhe qualquer animal e veja a
graça do corpo dele. O que acontece ao corpo humano? Por que não é tão
gracioso? Todo animal é gracioso — por que o corpo humano não é? O que lhe
aconteceu? Você tem feito algo a ele. Você o tem destroçado, e a espontaneidade
natural do seu fluxo já não existe mais. Ele ficou estagnado. Em todas as
partes do seu corpo existe veneno. Em todos os músculos do seu corpo existe
raiva reprimida, sexualidade reprimida, ganância reprimida, ciúme, ódio. Tudo é
reprimido ali. Seu corpo está realmente doente.


Os psicólogos dizem que criamos
uma armadura em torno do corpo e essa armadura é o problema. Se lhe permitem
expressão total quando está com raiva, o que você faz? Quando está com raiva,
você começa a ranger os dentes; você quer fazer alguma coisa com as unhas e com
as mãos, porque é desse modo que a sua herança animal expressa a raiva. Você
quer fazer alguma coisa com as mãos, destruir algo. Se não faz nada com os
dedos, eles ficam atrofiados; perdem a graça, a beleza. Não serão mais membros
vivos. E o veneno fica represado ali, por isso, quando você dá a mão a alguém,
não acontece um toque de verdade, não existe vida, as suas mãos estão mortas.
Você consegue sentir isso.
Toque a mão de uma criança pequena: há uma diferença sutil. Se a criança não
quer dar a mão a você, ela não força; se retrai. Não dará a você uma mão morta,
simplesmente tirará a mão. Mas, se ela quer lhe dar a mão, você sente como se a
mão dela estivesse derretendo na sua. O calor, o fluxo — como se a criança toda
estivesse vindo para a sua mão. Com o próprio toque ela expressa todo o amor
que é possível expressar.
Mas a mesma criança, ao
crescer, dará a mão como se ela fosse apenas um instrumento morto. Ela não
acompanha esse movimento, ela não flui por meio dele. Isso acontece porque
existem bloqueios. A raiva está bloqueada, e, de fato, antes que a mão possa
ganhar vida novamente para expressar amor, ela terá de passar por uma
verdadeira agonia, terá de passar por uma expressão profunda da raiva. Se a
raiva não for extravasada, ela bloqueará a sua energia, não deixando o amor
fluir.
Todo o seu corpo ficou
bloqueado, não só as mãos. Por isso você pode abraçar alguém, pode aproximar
alguém do seu peito, mas isso não significa que esteja aproximando essa pessoa
do seu coração. São duas coisas diferentes. Você pode aproximar alguém do seu
peito — esse é um fenômeno físico. Mas, se você tem uma armadura em torno do
coração, tem um bloqueio emocional, então a pessoa continuará tão distante quanto
antes;nenhuma intimidade é possível. Mas, se realmente trouxer a pessoa para
perto de você, sem que exista nenhuma armadura, nenhum muro entre você e ela,
então o seu coração se derreterá no coração dela. Haverá uma fusão, uma
comunhão.
Quando o seu corpo voltar a ser
receptivo e não houver nenhum bloqueio, nenhum veneno em torno dele, você
estará sempre envolvido por um sentimento sutil de alegria. Seja o que for que
esteja fazendo ou deixando de fazer, o seu corpo sempre estará envolto numa
sutil vibração de alegria. Na realidade, a alegria só significa que o seu corpo
é uma sinfonia, nada mais — que ele está num ritmo musical, só isso. Alegria
não é prazer; o prazer sempre deriva de outra coisa. A alegria é simplesmente
ser você mesmo — estar vivo, absolutamente vibrante, vital. O sentimento de que
há uma música sutil em torno do seu corpo e dentro dele, uma sinfonia — isso é
alegria. Você fica alegre quando o seu corpo está fluindo, quando ele é como o
fluxo de um rio.

Osho, em “Saúde Emocional: Transforme
o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa”
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