Jamais foi surpreendido em uma atitude que contradissesse o ministério elevado a que se devotava com abnegação, até a oferta da própria existência no infamante madeiro da cruz, que Ele transformou em asas de libertação.
Nenhuma palavra, gesto algum constituíram oposição à Sua mensagem de amor e de misericórdia, mesmo quando perseguido de maneira pertinaz pelos inimigos do Bem.
Teve a elevação moral de opor-se a todos os preconceitos, filhos da ignorância e do egoísmo, que dominavam a desvairada sociedade de então, perdida nas alucinações do poder e da guerra, como da indiferença pelos pobres e oprimidos.
Os campos abandonados e as cidades, abarrotadas de mendigos e de infelizes de toda ordem, demonstravam a decadência da administração do país, vítima da submissão a Roma, que elegia os seus governantes…
Concomitantemente, a revolta e o dissabor alucinavam os mais fracos, que tentavam reagir às circunstâncias inditosas, silenciados por castigos atrozes, prisões irrespiráveis e morte impiedosa.
Sem alarde, mas com vigor, revogou as leis absurdas defluentes da barbárie, do período vivenciado na aridez do deserto…
Ante os poderosos do transitório poder, manteve sempre a dignidade, sem humilhar os enganados nem submeter-se-lhes.
Modificando as estruturas religiosas, fundamentadas na aparência e nos símbolos do esoterismo decadente, ampliou o entendimento da Verdade, desvestiu os mistérios e os cultos em que se locupletavam os sacerdotes, manteve convivência com os humildes e desconsiderados.
Sempre este ao seu lado, nas tascas, nas praias, nas ruas, em toda parte, erguendo-os e dando-lhes nobreza.
Glorificava o Reino dos Céus, sem menosprezar os deveres terrestres, exaltando-os com normas educativas para a evolução.
Sereno, era sempre arguido pela malícia e astúcia do comportamento dos cidadãos pusilânimes, e utilizou-se da energia do Bem para desmascará-los e facultar-lhes o arrependimento e a renovação.
Sempre expressou misericórdia, mesmo quando a justiça deveria funcionar.
Teve a Sua atenção dirigida à infância desvalida, à velhice abandonada, às mulheres desrespeitadas.
Levantou sempre a voz em favor dos oprimidos e dos rebaixados.
Embora não concordasse com os governantes arbitrários, demonstrava respeito e admoestava-os para a ação do bem e dos direitos humanos desconhecidos.
Anunciou a felicidade mediante o trabalho e o culto da fraternidade, demonstrou que as diferenças das classes sociais são resultados das paixões perturbadoras e que o mais útil é sempre mais importante do que o ocioso dourado.
Recusou toda e qualquer homenagem que Lhe exaltasse o ego, transferiu as Suas obras grandiosas para Deus.
Fez-se servidor, viveu para auxiliar sem limites nem exceções.
As Suas palavras eram comuns, porém, faziam-se poderosas e de significado tão profundo, que ninguém as pôde repetir conforme Ele as proferia.
Jesus é a mais elevada expressão de vida que a Humanidade conhece.
Foi, no entanto, em relação à mulher ultrajada, ou que se permitiu perder a dignidade, que a Sua ternura atingiu índice de docilidade inabitual entre as criaturas. A mulher era tão subalterna que não se deveria saudá-la em público, apresentar-se fora do lar sem um membro da família acompanhando-a.
Sem significado social e humano, era submetida à humilhação e à sujeição, às penalidades absurdas, sempre culpada pelos delitos aos quais fosse empurrada por criaturas inescrupulosas.
Na Samaria, detestada pelos judeus, elegeu uma mulher enredada em conflitos e angústias, desrespeitada em seus sentimentos, sem a honra da maternidade para desvelar-se-lhe na condição do Messias!
Na praça pública impediu uma sofredora surpreendida em adultério, ameaçada por pecadores mais graves, e os afastou com uma singela resposta à indagação sórdida que Lhe haviam feito: – Aquele que estiver sem culpa atire-lhe a primeira pedra.
Na residência de Lázaro, em Betânia, convidou Marta a seguir o exemplo de Maria, que se detinha na melhor parte, que era ouvi-lO e viver-Lhe os ensinamentos.
Para escândalo de Simão e dos seus convidados, aceitou a demonstração pública do bálsamo perfumado que uma Lhe ofereceu, e lavou os Seus pés, enxugando-os com os seus cabelos, sem receio dos comentários e críticas mordazes…
…E, por causa desses sentimentos inabituais, estava sempre cercado pelas mulheres que, sob o Seu tutorado, não temiam a nada ou a ninguém e O seguiam com fidelidade.
Foi o primeiro psicoterapeuta a atendê-las e a reabilitá-las.
Ele sabia que a mulher, pela sua constituição orgânica e hormônios, é a força na qual a Humanidade se apoia.
Sem demérito para os homens, a maternidade que a sublima é o ponto de partida para a exaltação da vida e a glória estelar no mundo.
Estimulando-a a libertar-se da escravidão, apontou-lhe o caminho, austero e livre do amor e da abnegação para erguer a Deus todas as criaturas.
Hoje, no entanto, com as exceções respeitáveis, ei-las, as mulheres escravas mais submissas das dissoluções, dos crimes de toda espécie, esquecidas dos santos compromissos maternais, da responsabilidade, competindo com alguns homens vis em semelhantes degradações…
Os degraus da ascensão que as elevaram pareceram ruir, derrubando as imprevidentes, qual ocorreu com as noivas invigilantes da Sua parábola.
Ele permanece, no entanto, o mesmo, auxiliando a todas que O busquem, que se encontrem mergulhadas na aflição, no desencanto e no arrependimento.
Quando a mulher se reerguer, disposta à conquista da plenitude, Jesus a estará aguardando, e sorrindo-lhe dirá: – Bem-aventurada servidora do Pai, fiel cocriadora com Ele.
Fonte: www.divaldofranco.com.br