A bondade nos torna mais felizes e também nos protege contra a depressão. Isso é o que a ciência diz.
Em um típico ‘estudo de bondade’, as pessoas são solicitadas a realizar um certo número de atos de bondade ao longo de um dia, uma semana, um mês ou mais, e seus níveis de felicidade são comparados com pessoas que não fazem bondade ou com sua própria felicidade antes de começarem o estudo.
Em todas as versões desse tipo de estudo, os resultados são claros. Ser bondoso nos deixa felizes.
Em estudos mais longos, do tipo que examinam os hábitos de voluntariado das pessoas, as taxas de depressão são mais baixas do que na população em geral. Uma das razões é que o voluntariado cria conexões sociais benéficas. Também pode ser, como alguns argumentaram, que pessoas bondosas são atraídas para o voluntariado, o que quase certamente contribui. Mas as evidências sugerem que a bondade em si protege contra a depressão.
Então, por que isso é assim? Por que a bondade nos torna mais felizes e protege nossa saúde mental? Há algumas razões.
Um, é que no fundo da psique humana está a sensação de que ajudar os outros é a coisa certa a fazer. Para alguns, é espiritual. A bondade nos alinha com um profundo senso de propósito espiritual.
Em segundo lugar, ajudar os outros é simplesmente satisfatório. Para muitos, nenhuma explicação é necessária. É do jeito que é. A bondade parece certa e é boa. Ponto final!
Na ciência, há também o fato de que temos “genes de bondade”. O principal gene associado à bondade é, na verdade, um dos mais antigos do genoma humano, com cerca de 500 milhões de anos. Isso significa que ele desempenhou um papel em nossa sobrevivência ao longo de eras. Como resultado, somos atraídos a ajudar os outros e temos uma sensação intuitiva de que a bondade é importante.
De qualquer forma, não há dúvida de que a bondade é boa para a saúde mental. No cérebro, produz oxitocina, o hormônio da ligação – também conhecido como droga do amor / hormônio do abraço / química do carinho / hormônio da bondade – quando envolve uma interação positiva entre as pessoas. Também produz dopamina e serotonina. Há até uma sugestão de que também pode produzir opióides endógenos, a própria morfina do cérebro.
Outra razão pode ser o fato de que a bondade pode realmente causar mudanças físicas na matéria cerebral. Isso tem a ver tanto com o foco na bondade quanto com os pensamentos bondosos, mas também com a sensação da bondade.
A evidência vem de meditações baseadas na bondade, como a meditação de amor e bondade dos budistas, onde desejamos aos outros felicidade, boa saúde e libertação do sofrimento. Uma prática regular afeta regiões do cérebro associadas à empatia e felicidade.
A longo prazo, a ativação consistente das mesmas regiões fortalece os circuitos ali existentes. O que isso significa é que, assim como exercitar os músculos os torna mais fortes e facilita o levantamento de objetos pesados, o fortalecimento dos circuitos cerebrais facilita o acesso ao que esses circuitos cerebrais fazem.
Com bondade consistente, portanto, passamos a cuidar mais genuinamente dos outros e achamos mais fácil acessar a felicidade. Em outras palavras, extrair a felicidade do pano de fundo cotidiano de eventos e circunstâncias em nossas vidas torna-se mais natural. Sorrisos se tornam mais fáceis e naturais também.
Esta pode ser uma das principais razões pelas quais a bondade é tão protetora contra a depressão a longo prazo.
Outro fator em jogo aqui é o fato de que a oxitocina – o principal hormônio da bondade – diminui a atividade na amígdala – uma região do cérebro envolvida no estresse, depressão, preocupação, medo, ansiedade. Em pesquisas em que as pessoas foram convidadas a deitar dentro de scanners de ressonância magnética e tiveram sua amígdala ativada, quando receberam uma dose desse hormônio da bondade, a ativação caiu consideravelmente.
Você pode pensar nisso como um interruptor sendo desligado, assim como você pode desligar um termostato quando sua casa está muito quente ou desligar uma luz quando a sala está muito clara. Só que são os hormônios da bondade que desligam o interruptor do regulador de estresse.
Outras pesquisas confirmam isso. Quando os voluntários foram solicitados a relatar seus atos diários de bondade, bem como suas pontuações diárias de estresse durante um período de três semanas, nos dias em que a gentileza era alta, o estresse era baixo. Não é que, quando estamos sendo gentis, coisas estressantes não acontecem porque a experiência nos diz que esse não é o caso. Em vez disso, é que a bondade amortece os efeitos do estresse por causa de como nos sentimos e provavelmente como isso afeta os circuitos cerebrais.
Em outras palavras, podem acontecer as mesmas coisas que podem acontecer em qualquer outro dia, mas quando estamos sendo gentis e bondosos, elas não nos atormentam da mesma forma.
A longo prazo, esse efeito de amortecimento do estresse traz enormes benefícios para nossa saúde mental, porque nos tornamos menos afetados por circunstâncias aparentemente negativas que nos acontecem.
Portanto, a moral da história hoje é esta: seja gentil e bondoso. É quase sempre a coisa certa a fazer e provavelmente fará você se sentir melhor.
Referências
Você pode ler mais sobre a pesquisa sobre bondade em meus livros: The Five Side Effects of Kindness e The Little Book of Kindness.
Autor: David R. Hamilton PhD
Fonte: https://drdavidhamilton.com/
Fonte Secundária: https://eraoflight.com/
Tradução: Sementes Das Estrelas / Flávia Grimaldi
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