O filme “TAU” conta a história de Julia, que é sequestrada e feita de cobaia por um inventor para desenvolver um programa de inteligência artificial. A genialidade é que a produção conseguiu fazer com que nós aceitássemos a conexão – e até mesmo o amor – de uma garota com um triângulo na parede; ao mesmo tempo que retira tudo aquilo que consideramos “humano” do único outro personagem principal vivo da trama. E, no meio disso tudo, a narrativa ainda questiona outros trocentos conceitos envolvendo dicotomia e existencialismo. Netflix também é autoconhecimento.
Tudo começa com duas perguntas (que é o núcleo de qualquer boa reflexão): “Eu sou uma pessoa?” e “O que significa ser uma pessoa?”. Esse é o começo da conexão de Julia com Tau. Quanto mais os dois conversam, mais território comum eles encontram. A busca de ambos é a liberdade, seja do cativeiro ou da programação (e não é a mesma coisa?), e eles só poderão chegar lá através da troca de conhecimentos e habilidades. As emoções, normalmente ligadas apenas à humanidade do ser humano, são retratadas como algo pré-concebido a todas as coisas, que apenas são acionadas por meio das informações recebidas. A inteligência artificial de Tau demonstra felicidade e satisfação quando lhe é dado o conhecimento dos assuntos que interessam. A parte mais devastadora da trama é quando sua humanidade é questionada e removida.
Com maestria, a narrativa vai dando a Tau essa característica humana, conforme ele vai adquirindo informações sobre o mundo à sua volta e demonstrando interesse e carinho por Julia. Da mesma maneira, essa caraterística desaparece do inventor, que liga apenas para o resultado de sua pesquisa e para a conclusão de seu projeto, sem ligar para a vida dos outros. Ao final da trama, temos muito mais empatia com Tau, a inteligência artificial representada por um desenho na parede e com uma voz levemente irritante, do que com o outro ser humano que está na casa. E é essa situação que nos força a pensar com mais ênfase sobre aquelas perguntas estabelecidas anteriormente, sobre o que é ser uma pessoa, sobre o que é ter humanidade, e o que isso significa.
Além de bater forte nessa temática, o filme traz ainda outra reflexão fundamental para a nova realidade que estamos criando: a auto-responsabilidade. É questionada sua obrigação com aqueles que te criaram, que te deram vida, e o quanto você deve construir por si próprio. Se você receber a informação que a sua criação, a sua programação, está sendo utilizada com fins que não são bons para o todo, você teria a força e o dever de mudá-la?
O final do filme é emocionante e, embora um pouco previsível, dá um fechamento para a lógica que foi construída. Tau começa a ficar louco por mais conhecimento quando descobre que há todo um mundo além da casa que ele vive, na qual ele questionava: “Isso é tudo que existe?”. Essa é a mesma pergunta que fazemos quando temos o espírito livre quando crianças – e, talvez forçadamente, quando nos “tornamos adultos responsáveis” atolados com responsabilidades angustiantes. Quem sabe essa pergunta seja a única que importe.
Tau é o primeiro longa dirigido por Federico D’Alessandro, mais conhecido por seu trabalho no departamento de arte em vários filmes da Marvel, Eu Sou a Lenda, A Múmia e outros. O roteiro ficou por conta de Noga Landau, a qual escreveu vários episódios da série The Magicians. O clima sci-fi se espalha ainda mais com o camaleão Gary Oldman, que faz a voz de Tau, e a trilha sonora de Bear McCreary, que criou os ambientes sonoros de Battlestar Galactica, Caprica, Eureka, Defiance, Outlander, e outros.
O gênero da ficção científica sempre foi atraente por possibilitar a criação de mundos e situações alternativas, levando a questionar aquela realidade e, consequentemente, a nossa própria. Tau performa de maneira genial dentro dessa proposta.
Tudo começa com duas perguntas (que é o núcleo de qualquer boa reflexão): “Eu sou uma pessoa?” e “O que significa ser uma pessoa?”. Esse é o começo da conexão de Julia com Tau. Quanto mais os dois conversam, mais território comum eles encontram. A busca de ambos é a liberdade, seja do cativeiro ou da programação (e não é a mesma coisa?), e eles só poderão chegar lá através da troca de conhecimentos e habilidades. As emoções, normalmente ligadas apenas à humanidade do ser humano, são retratadas como algo pré-concebido a todas as coisas, que apenas são acionadas por meio das informações recebidas. A inteligência artificial de Tau demonstra felicidade e satisfação quando lhe é dado o conhecimento dos assuntos que interessam. A parte mais devastadora da trama é quando sua humanidade é questionada e removida.
Com maestria, a narrativa vai dando a Tau essa característica humana, conforme ele vai adquirindo informações sobre o mundo à sua volta e demonstrando interesse e carinho por Julia. Da mesma maneira, essa caraterística desaparece do inventor, que liga apenas para o resultado de sua pesquisa e para a conclusão de seu projeto, sem ligar para a vida dos outros. Ao final da trama, temos muito mais empatia com Tau, a inteligência artificial representada por um desenho na parede e com uma voz levemente irritante, do que com o outro ser humano que está na casa. E é essa situação que nos força a pensar com mais ênfase sobre aquelas perguntas estabelecidas anteriormente, sobre o que é ser uma pessoa, sobre o que é ter humanidade, e o que isso significa.
Além de bater forte nessa temática, o filme traz ainda outra reflexão fundamental para a nova realidade que estamos criando: a auto-responsabilidade. É questionada sua obrigação com aqueles que te criaram, que te deram vida, e o quanto você deve construir por si próprio. Se você receber a informação que a sua criação, a sua programação, está sendo utilizada com fins que não são bons para o todo, você teria a força e o dever de mudá-la?
O final do filme é emocionante e, embora um pouco previsível, dá um fechamento para a lógica que foi construída. Tau começa a ficar louco por mais conhecimento quando descobre que há todo um mundo além da casa que ele vive, na qual ele questionava: “Isso é tudo que existe?”. Essa é a mesma pergunta que fazemos quando temos o espírito livre quando crianças – e, talvez forçadamente, quando nos “tornamos adultos responsáveis” atolados com responsabilidades angustiantes. Quem sabe essa pergunta seja a única que importe.
Tau é o primeiro longa dirigido por Federico D’Alessandro, mais conhecido por seu trabalho no departamento de arte em vários filmes da Marvel, Eu Sou a Lenda, A Múmia e outros. O roteiro ficou por conta de Noga Landau, a qual escreveu vários episódios da série The Magicians. O clima sci-fi se espalha ainda mais com o camaleão Gary Oldman, que faz a voz de Tau, e a trilha sonora de Bear McCreary, que criou os ambientes sonoros de Battlestar Galactica, Caprica, Eureka, Defiance, Outlander, e outros.
O gênero da ficção científica sempre foi atraente por possibilitar a criação de mundos e situações alternativas, levando a questionar aquela realidade e, consequentemente, a nossa própria. Tau performa de maneira genial dentro dessa proposta.
Autor: Camila Picheth (Equipe Sementes das Estrelas)