Pai João de Angola – “Dependência emocional”

Pai João de Angola – “Dependência emocional”

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Zanfio do coração, hoje nego quer falar pra
vosmecê sobre a conduta que mais fragiliza energeticamente o ser humano: a
dependência emocional.

Jesus ensinou sobre isso, dizendo assim:

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a
ferrugem tudo consomem e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros
no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam
nem roubam.”¹

Existem mesmo muitos ladrões e traças na vida
energética. A forma como é construída uma relação humana determina o grau e a
natureza da troca de energia que haverá entre as pessoas.

Analisemos três níveis de relacionamento que abrem
as portas para processos de vampirismo energético entre humanos:

Existem as relações invasivas, marcadas por
desrespeito à vontade e à escolha alheia. Nesse tipo de relação, é a nossa
prepotência de supor o que é melhor para quem amamos que sobrecarrega a
convivência com atritos e desgastes desnecessários.

Existem as relações tóxicas, que são aquelas
nas quais o modo invasivo tornou-se uma rotina, adoecendo o relacionamento com
ciúme, inveja, maus tratos e muita dominação, tornando as relações pesadas e
possessivas.

E existem as relações destrutivas, que são
formas de troca violentas e infelizes, as quais podem chegar à agressão física
e à exploração do outro em todos os sentidos possíveis.

Em quaisquer desses níveis de relações sociais, há
a presença do vampirismo energético, que produz doenças, contrariedades,
abusos, vícios, manipulações, prisão e morte.

Diante desses quadros de enfermidade, deparamo-nos
com uma questão essencial: As pessoas ficam muito preocupadas com quem lhes
retira energia ou lhes faz algum mal por meio de magia, olho gordo, disputas e
outras maldades enquanto deveriam questionar como elas próprias abrem as portas
para que essa maldade do outro as atinja.

Cada um de nós é responsável pelo que acontece a
si mesmo. Quando há esse exame das causas da perda energética do lado de fora,
estamos agindo como se não fôssemos responsáveis pela nossa vida e, ao mesmo
tempo, dando poder a outras pessoas para dirigir nossa existência.

Sabe por que outra pessoa lhe rouba a energia?
Porque vosmecê lhe concede a chave para abrir a porta de sua vida interior e
lhe permite ser invasiva, tóxica e destrutiva. E vosmecê faz o mesmo com muitas
pessoas, porque tem dependência emocional em relação a elas.

Vamos registrar algumas frases típicas de
dependência emocional: “Se meu filho morrer, eu morro com ele.”; “Você é a
pessoa mais importante da minha vida.”; “Eu não sou capaz de viver sem você.”;
“Se eu disser não a ele, me sinto muito culpado.”; “Só sou feliz quando ele(a)
está comigo.”.

Os opressores usam o seu medo, a sua culpa, o seu
ciúme, a sua limitação em se impor para tirar proveito.

Quando você entrega a alguém o direito de ser mais
importante que você mesmo, sua vida está desprotegida.

Sem estima pessoal sólida, sem autoamor, a aura
fica aberta às influencias da vida. Seu campo vibratório fica com baixa
imunidade, vulnerável às piores situações, atraindo o pior em cada lugar por
onde você passa.

Tome conte de todos os seus sentimentos como um
patrimônio de raro valor em sua vida e não permita a ninguém ajuizar sobre o
que cada um deles significa para o seu crescimento. Quem constrói autonomia
garante a autoridade sobre sua própria vida e dispõe de força moral legítima
para ser um motivador do progresso alheio e do bem de todos.

Fomos criados por Deus com recursos para sermos
completos, independentes de outro ser da nossa raça. Mesmo com esse propósito
celeste, por meio da vida em sociedade, cooperamos uns com os outros no
desenvolvimento desses embriões de perfeição depositados na alma de cada um de
nós. A finalidade da vida social é nutrir, ampliar, somar², e não desmerecer ou
roer como traças nem roubar como ladrões.

O autoamor é o espaço interior a que Jesus se
refere para guardarmos as nossas maiores preciosidades contra ladrões de forças
e traças que deterioram as esperanças.

O autoamor é como um cofre protetor de segurança
máxima, capaz de resguardar os nossos valores íntimos da loucura e da maldade
alheia. Precisamos ter o segredo desse cofre bem guardado, sendo nós mesmos os
únicos a saber como acessá-lo.

O autoamor é preservação, autonomia, independência
e expressão do amor legítimo. Muitos de nós, que dizemos amar as pessoas com as
quais criamos uma dependência emocional, temos de repensar muito esse amor que
afirmamos, porque é lei da vida que, para amarmos o semelhante com o nosso
melhor, é prioritário uma relação de amor conosco mesmo.

Quando dizemos amar sem aplicarmos amor a nós
mesmos, na maioria dos casos, estamos projetando o nosso lado carente, medroso,
possessivo e instável em alguma pessoa, para que ela tome conta de nossos
sentimentos e se responsabilize pelo que achamos que não somos capazes de
cuidar. Nesse quadro, o sentimento de amor fica contaminado pelas doenças da
sombra interior.

Os fios ficam muito preocupados com a atuação de
espíritos, que fazem com que seus corações fiquem sofridos de amor, mas a
verdade é que os espíritos já não estão aguentando as traquinagens emocionais
às quais muitos se submetem. Ficam preocupados em saber quem são os ladrões e
as traças que lhes roubam e atrapalham a vida do lado de cá, mas não são
capazes de gerenciar suas próprias emoções.

Estimem-se, meus fios! Valorizem suas vitórias.

Concedam-se o direito de ser feliz. Parem de
mendigar o amor alheio. Façam-se merecedores de pessoas melhores. Limpem de
suas mentes as ideias infelizes de que precisam aguentar alguém para serem
felizes. Não tenham medo de serem rejeitados.

Quando nos amamos, atraímos as pessoas que merecem
nosso amor. No entanto, se formos nosso próprio inimigo e nos tratarmos com
negativismo, atrairemos apenas pessoas do mesmo teor de energias enfermas.


¹Mateus 6:19-20

²“Homem nenhum possui faculdades completas.
Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe
assegurarem o bem-estar e o progresso. Por isso é que, precisando uns dos
outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não insulados.”
O
Livro dos Espíritos, item 768.

Dependência emocional: a pior doença energética.

Pai João de Angola

Wanderley Oliveira. Livro “Fala, Preto Velho”. Ed.
Dufaux.

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