Maria Madalena – “O Poder do Ventre” – Junho / 2015

Maria Madalena – “O Poder do Ventre” – Junho / 2015

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Queridos amigos, eu sou Maria Madalena e saúdo-os com carinho e alegria em meu coração. Vocês são meus conhecidos e me são familiares. Somos almas afins, pois todos seguimos a mesma senda juntos, embora cada um a seu próprio modo.

Hoje gostaria de falar sobre a energia feminina e como ela pode florescer neste momento, porque isto é essencial para a mudança de consciência que a humanidade, como um todo, precisa para seguir adiante. É necessário haver um equilíbrio entre as energias masculina e feminina, tanto no mundo como um todo, quanto na vida de cada indivíduo. A energia feminina há muito foi reprimida, danificada e ferida, e isto levou ao domínio de uma energia masculina unilateral.

À primeira vista, pode parecer que o equilíbrio já foi alcançado: em muitos países, as mulheres têm praticamente os mesmos direitos que os homens. Nessas partes do mundo, elas podem se manifestar com tanta liberdade quanto os homens, desfrutar de uma boa educação, carreira, posição de poder, e são capazes de acumular riqueza. Mas num nível mais profundo, algo está faltando e fora de equilíbrio. O que na verdade acontece quando uma mulher luta por igualdade desta forma, é que ela se apropria da energia masculina de dominação e controle e começa a utilizá-la em seu próprio interesse e ambição. Isto, em si, não é errado, mas a questão é se satisfaz profundamente a alma feminina, assim como a pergunta adicional é se a alma masculina se satisfaz profundamente através do acúmulo de poder e dominação.

Neste momento existem cada vez mais pessoas buscando uma realização mais profunda. Elas desejam viver por inspiração e conectar-se com a Terra e seus companheiros humanos, confiando em seus corações em vez de reagir ao medo. Estes são os ideais que agora tocam os corações dos jovens. A velha energia masculina de controle e coerção já ultrapassou seu tempo de vida; existe uma nova geração que pensa e sente diferente. E nisto reside a oportunidade para a ressurreição da energia feminina, que não apenas inclui a recuperação dos direitos sociais, políticos e de liberdade para as mulheres, mas também uma cura verdadeira dos ferimentos internos profundos, causados à psique feminina.

O que aconteceu à energia feminina no passado? Ela foi despojada de seus direitos e poder de muitas formas, através da violência física e mental. Isto está registrado na História, portanto não preciso falar disto agora. Minha atenção aqui está voltada essencialmente para a maneira que a energia feminina interna foi afetada por esta violência. Se olharmos para a aura feminina coletiva, como exemplificada no campo energético de uma mulher comum, veremos um vazio, um buraco, na área do ventre. A área dos centros de energia inferiores – os chacras raiz, umbilical e plexo solar – tornaram-se vazios, isentos de poder. Muitas mulheres possuem, nesses centros, sentimentos de indignidade, medo e incerteza, dos quais geralmente são apenas semiconscientes.

O poder original e feminino do ventre é o de estar vitalizado e ancorado na Terra. Por sua natureza, a mulher sente-se conectada com a Terra e os ritmos de suas Estações; e a sabedoria do seu coração baseia-se num sentido natural de autoestima. Infelizmente, isto se perdeu ao longo das eras e, sem essa base, sem essa força natural do ventre, a mulher não consegue se conectar de forma equilibrada com o mundo ao seu redor. Com muita facilidade, ela dá demais de si mesma aos outros e perde-se nessa doação, de modo que geralmente é incapaz de assumir seu espaço pessoal e estabelecer limites.

Quando uma pessoa é ferida em sua essência através da rejeição, violência sexual e humilhação, ocorre uma mudança em seu campo energético: sua consciência abandona o ventre, que é a sede da emoção, conexão e intimidade. Quando é doloroso demais estar presente nessa área do seu corpo, a pessoa se desassocia de si mesma e empurra sua consciência para fora do ventre. Sua consciência, então, sobe e se aloja na parte superior de sua aura e, como resultado disto, seus sentimentos ficam embotados, dando espaço para o estabelecimento da depressão, ou de um sentimento de fadiga e de não ter acesso total à sua energia. Além do trauma da violência que ocorreu e a profunda confusão mental que disto se originou, acrescenta-se, então, a tristeza e o vazio de ter perdido a si mesma.

Isto, em suma, é o que acontece com a psique feminina. Embora nem todas as mulheres apresentem este padrão na mesma intensidade, isto ainda é uma tendência geral, que pode ser resumida como se segue:

· O ventre, que é a sede da emoção, sexualidade e intimidade, e está natural e fortemente ligado à Terra, está relativamente vazio. Parece ameaçador estar presente ali, devido à dor que permanece nessa área como uma lembrança, e também devido ao poder que lá se encontra adormecido – defrontar-se com esse poder é assustador!

· Como resultado deste movimento de retirada, criou-se um vazio no campo energético entre os centros de energia superiores e os inferiores, entre a área do coração e a área do ventre.

· A energia do coração, o centro de inspiração e amor, não consegue expressar-se, fluir para fora e conectar-se com o mundo e com outras pessoas. Este fluxo está bloqueado devido a demasiado medo e incerteza ou porque existe uma necessidade de se conectar tão intensamente com o outro, que a pessoa se perde nesse outro e se torna emocionalmente dependente dele.

Mulheres que nunca vivenciaram violência na vida – mental, física e sexual – muitas vezes também apresentam este padrão reativo. Como velhos padrões podem ser trazidos de vidas anteriores, é possível que, no passado, elas tenham sofrido danos em sua energia feminina, os quais ainda precisam ser curados nesta encarnação. Além disto, toda mulher é afetada pela psique feminina em geral, pela imagem predominante de mulher e pelas experiências coletivas do passado. Toda mulher tem que lidar com o que estou descrevendo aqui. Assumir o poder do seu ventre e realmente estar presente em seu coração de forma consistente e autoconsciente, não é fácil nem natural para nenhuma mulher.

Como estamos num momento de transformação de consciência, agora é mais do que necessário curar a ferida energética do ventre. Se você deseja se desenvolver no caminho espiritual e viver a partir do seu coração e sua inspiração mais sincera, vai descobrir que, como mulher, você se depara com medos muito profundos. Não é fácil distinguir-se, tornar-se notável sem entrar em conflitos. Isto leva você a enfrentar questões difíceis relacionadas com autoestima e fidelidade a si mesma. Num certo sentido, lhe é solicitado que, como mulher, você transforme uma parte da dor coletiva de todas as mulheres. Assim, curando sua própria dor, você cria novos caminhos para a consciência coletiva se expandir.

Desenvolver-se espiritualmente geralmente é entendido como abrir o coração, conectar-se com outros através do amor e desapegar-se do ego. Entretanto, para a mulher que precisa lidar com a falta de força em seu ventre, é aí que inúmeras armadilhas a esperam. Se você se conectar com outros sem permanecer solidamente presente em seu ventre, em seu centro, conectada com suas necessidades e verdade, esta ligação com os outros pode rapidamente levá-la à perda da sua própria personalidade e até à exaustão.

Se você for uma pessoa muito sensível, com um chacra cardíaco aberto, que sente facilmente as emoções e o humor dos outros, é bom que tenha uma percepção bem concreta dos seus próprios limites. Para isto você precisa de um ego forte. E quando digo “ego forte”, quero dizer que você precisa de um sentido claro de onde você “termina” e a outra pessoa “começa”. Este sentido lhe permite estar consciente de quando está doando demais, talvez porque queira ser apreciada ou não ouse dizer “não”. Um ego saudável lhe permite perceber clara e perfeitamente o que está acontecendo com você na sua interação com outras pessoas. O sentido da palavra “ego” foi distorcido, passando a representar tudo o que é inferior e precisa ser liberado. Mas para as mulheres, esta forma de autoconsciência e estabelecimento de limites é extremamente importante. 

Para os homens, o processo de desenvolvimento é bem diferente. Eles são criados com um tipo diferente de moralidade. Quando meninos, são incentivados a se diferenciar, a competir, a se distinguir. Isto pode ser muito difícil para aqueles que não se sentem à vontade fazendo estas coisas, para os que são naturalmente sensíveis, introvertidos ou quietos. Mas, em qualquer caso, os homens são menos incentivados a se doarem, já que a ambição e agressividade são valorizadas.

Nos homens também existe uma ferida energética causada por experiências do passado. Eles foram separados da sua própria energia feminina, dos seus sentimentos e intuição, e vivenciam isto como uma perda de alegria, emoção e conexão. Existe um vazio no coração dos homens – menos do que no ventre – e este vazio os atormenta tanto quanto o espaço vazio no abdome das mulheres as faz sofrer. Os dois sexos foram prejudicados pelas tradições nas quais vocês vivem, e ambos foram feridos de formas diferentes. Portanto, recuperar a integridade envolve meios diferentes para cada um deles.

Para o homem, a ênfase na abertura do coração é geralmente benéfica. Conectar-se com seus sentimentos, permitir que sua vulnerabilidade se mostre, e reconhecer a energia feminina em si mesmo são fatores fundamentais para a cura do homem. Mas, de certa forma, para a mulher é exatamente o oposto. Para ela, o caminho da autocura é o de ser fiel a si mesma, manter limites claros, admitir sua própria energia masculina, e reconhecer e manifestar seus talentos exclusivos. Energeticamente isto significa levar a energia do coração, da alma, para baixo, até o nível do ventre. Ou seja, descer profundamente à cavidade pélvica, que simboliza a força primordial da energia feminina.

Para a mulher, uma das maneiras de voltar à sua base é lidar mais conscientemente com a raiva armazenada em si. Muitas mulheres reprimem emoções de raiva ou frustração, porque a raiva evoca o medo e faz com que se sintam impotentes. A raiva é ameaçadora porque pode levar a um conflito com outros; e se a mulher não se sentir capaz de se defender e expressar sua raiva, ela se sentirá impotente. Então a raiva pode transformar-se em depressão, passividade ou cinismo.

Entretanto, você pode ver a raiva como um sinal valioso de que algo ou alguém está violando os seus limites e, por isto, você se sente ferida; ela é um sinal que você pode usar para criar uma mudança positiva em sua vida. Acolhendo a raiva, você se leva a sério, o que significa que a força contida na raiva pode ser expressada de um modo positivo. O primeiro passo é não enxergar a raiva como algo ruim e não se condenar por senti-la. Isto é mais difícil para as mulheres do que para os homens, porque elas estão mais acostumadas a negar a si mesmas e entregar seu espaço para outros, em vez de reivindicar seus limites naturais.

É por este motivo que desejo chamar a atenção de toda mulher altamente sensível que está no caminho espiritual… Cuide do poder do seu ventre; assuma-o, permaneça firmemente dentro de seus próprios limites e ouse defender-se. Você tende a associar espiritualidade com amor, luz e conexão. Estes realmente são atributos essenciais, mas uma conexão equilibrada com o mundo ao seu redor depende da sua capacidade de distinguir entre o que é certo e o que é errado para você, de se separar e se desligar quando é preciso, ao invés de fundir-se e conectar-se desnecessariamente. Para isto você precisa valorizar-se totalmente, valorizando suas próprias necessidades, seus próprios talentos e suas próprias emoções – todas elas.

Vivi numa época em que a liberdade de expressão da mulher não era aceita, muito menos valorizada. Eu sentia uma forte ligação com a mensagem de Jeshua Ben Joseph e com a essência da energia Crística. Fui tocada por suas palavras, seu carisma e, naquela vida, voltei-me profundamente para o meu interior, com a intenção de lembrar-me de quem eu era. Havia também em mim uma grande raiva dos poderes que me proibiam de ser quem eu era: uma pessoa independente, poderosa, determinada. Era sempre obrigada a depender de mim mesma e lutava com os sentimentos de impotência e raiva. Meu ventre foi tomado pela energia da frustração, sob a qual se ocultava uma sensação de inferioridade, de falta de confiança em mim mesma. Era minha missão aprender a lidar com minha falta de autoestima e deixar de me importar com os julgamentos de outras pessoas.

Este é o desafio para todas as mulheres. Quando a mulher não está plenamente presente na área do seu ventre, ela tende a doar demais aos outros a partir do seu coração, tende a esvaziar-se no relacionamento com seu amado, seus filhos, seus pais, seus amigos.

Perder-se em outra pessoa é, com muita frequência, sinal de não estar totalmente à vontade consigo mesma, não estar totalmente na sua própria base. Quando predomina uma sensação de vazio ou alienação, é tentador buscar apoio em outra pessoa para acalmar esse sentimento. Aparentemente você faz isto por amor, mas existe outro motivo oculto aí: você precisa do outro para sentir-se aceita e bem consigo mesma. Entretanto, o verdadeiro crescimento espiritual implica em aprender a questionar – “qual é o motivo que me leva a conectar-me com o mundo à minha volta, com meu amado, com meus amigos, com meus filhos, com meus pais?”

Agora, escolha um desses relacionamentos e coloque sua atenção em seu próprio ventre. A partir deste nível, sinta quanto espaço você ocupa neste relacionamento ou quanto você recebe. Por exemplo, imagine seu amado e pergunte internamente: “Sinto-me plenamente aceita na área do meu ventre, quando estou na presença dele?”  Faça o mesmo em relação a uma amiga. Inspire profundamente no seu centro, enquanto pensa nela, e sinta sua própria resposta. Você sente que alguma coisa está bloqueando ou impedindo sua respiração? Experimente fazer isto como meditação guiada.

A pergunta chave é: o seu ventre consegue relaxar no relacionamento? Você se sente aceita e é livre para ser você mesma? Ou sente que precisa fazer um grande esforço e portar-se de um modo que não lhe é natural? Talvez se sinta sem energia quando está com a outra pessoa. Neste caso, sua consciência sobe para a sua cabeça e sua percepção abandona sua base, seu ventre. 

Quando isto acontecer, não se condene, mas olhe com sinceridade amorosa para o seu próprio medo de ser fiel a si mesma e de assumir o espaço a que tem direito. Ao admitir seu próprio medo, você o transforma. E não faz isto sozinha; o campo energético coletivo das mulheres muda. O que você dá a si mesma beneficia os outros e vice-versa.



Canal: Pamela Kribbe           

Tradução: Vera Corrêa /  veracorrea46@ig.com.br
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