Pai Joaquim de Aruanda – “Culpabilidade no Aborto”

Pai Joaquim de Aruanda – “Culpabilidade no Aborto”

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O
aborto é crime: assim pensam os seres humanos. Mas, Deus já mandou avisar que
existe o carma. Todos os seres devem expiar atos passados em que ofenderam o
todo universal. Portanto, não será justo que aqueles que um dia abortaram um
futuro ser humano passem pela mesma situação?

E
quando essa lei universal (ação e reação) acontecer, o instrumento dela será
penalizado? Se um dia você abortou e Deus (todo universal) decretou que precisa
agora passar por esse mesmo processo, o ser humano que servir de instrumento à
Justiça Perfeita e ao Amor Sublime deverá ser penalizado? 

Receberá uma pena
porque está fazendo um “favor” para aquele espírito servindo de instrumento
para auxilia-lo a alcançar a perfeição, passando por suas vicissitudes?

É
a não compreensão do aborto como ato movido pela lei da ação e reação que gera
a culpabilidade e arrasta a necessidade do comando de Deus para o ato abortivo
durante os séculos de encarnação. Somente o perdão pode acabar com a lei da
ação e reação.

Quando
o ser entender que o espírito abortado precisava e merecia passar por aquela
situação, acabar-se-ão as acusações. Só então nascerá o perdão (não apontar
erros em atos). Com isso, o ciclo da ação e reação estará quebrado. Enquanto
permanecer o julgamento e a acusação, o ciclo terá que continuar para que se dê
a cada um de acordo com suas obras.

A
acusação é gerada por aquele que não entende o universo. O autor do ato
abortivo merece e precisa passar por essa situação, mas não deve nascer daí a
acusação. Ela só deveria existir se quem recebe o ato (é abortado) fosse um
inocente.

No
entanto, isso não existe. O espírito encarnado não poderia abortar alguém que
não precisasse ser abortado, porque senão seria o supremo comandante do
universo, aplicando a sua justiça e o amor a si mesmo.

Não
existe bebê ou criança dentro da concepção que o ser humano dá a essa etapa da
encarnação. O fruto do ventre materno é um espírito velho, que já encarnou em
diversas existências onde, por seu individualismo, causou danos ao todo
universal. É justo e único meio de atingir a perfeição, que agora passe por
ações individualistas. Não com a finalidade de sofrer, mas para alcançar a
compreensão de suas ações anteriores.

Se
o bebê fosse essa pureza e ingenuidade que o ser humano imagina, se trataria de
um espírito elevado. Jamais seria capaz de acusar ao próximo pelo que fizesse,
pois possui toda a universalidade necessária para compreender a ação de Deus.
Além disso, conheceria, como todo espírito conhece, a “história” de sua
encarnação e já conheceria de antemão o ato abortivo que teria que passar.

No
primeiro caso o aborto seria um carma negativo, ou seja, uma expiação de atos
passados. Já no segundo (espírito elevado que se oferece para passar por
situações como missão), o aborto se trataria de um carma positivo.

O
carma positivo e negativo pode existir não só no ser que está sendo abortado,
mas também em quem está praticando o aborto. Por amor um espírito pode “pedir”
para ser o instrumento daquele que precisa e merece passar por esse ato. Nesse
caso, o ato originou-se em um carma positivo para quem fez e negativo para quem
foi abortado.

Você
sabe se a pessoa que praticou o aborto o fez por carma positivo ou negativo?
Então não julgue, acusando um e tendo “dó” do outro. Deixe que Deus, com sua
Onisciência, advinda da sua Onipresença, aja com sua Onipotência para que o
equilíbrio universal permaneça. Só Ele pode dar a cada um de acordo com as suas
obras.

Para
quem precisa e merece, a lembrança do ato e a culpa por sua prática
permanecerão com quem fizer o aborto por carma negativo enquanto ele não
compreender a ação de Deus (Causa Primária de todas as coisas com Inteligência
Perfeita, Justiça Suprema e Amor Sublime).

O
espírito que aceita vivenciar o ato abortivo como agente ativo ou passivo sem
necessidade para a sua elevação espiritual, está realizando uma missão que
auxiliará o outro a atingir a sua elevação. A “dó” ou “pena” de qualquer um dos
envolvidos é um sentimento que desonra a missão do espírito, enquanto que a
acusação é uma infração á interdependência universal.

Em
nenhum caso há culpabilidade, mas participação de dois seres em um ato
comandado por Deus para que um sirva de instrumento ao outro para a evolução.
Dentro dessa compreensão, culpar quem? Se alguém se atrever a encontrar
culpados, só poderá chegar a um: Deus. Alguém é capaz de dizer que Deus é
“culpado”? Alguém possuirá conhecimento, justiça e amor capaz de acusar Deus?

Fica
bem claro que não estamos fazendo apologia do aborto e nem que esse ensinamento
seja “perigoso”, pois liberará a prática do aborto. Toda visão Espiritualista
Ecumênica baseia-se na ação de Deus (Causa Primária de todas as coisas) e por
isso não pode trazer as conseqüências que o ser humano quer imaginar.

Não
será por causa dessas explicações que alguém conseguirá praticar um aborto sem
que Deus comande a execução do ato, sem que todos os envolvidos (pais, família,
amigos, feto) precisem e mereçam o ato.

Os
ensinamentos que a espiritualidade traz são apenas instrumentos para que o ser
humano possa alcançar a consciência crística, aprendendo a oferecer a outra
face e a não condenar ou julgar seus semelhantes. Com a perfeita compressão do
aborto dentro da verdade do universo (ação e reação), encerram-se as
culpabilidades.

É
o fim da crítica, da acusação e o início da compreensão do “motor” que move
universo: a cada um de acordo com suas obras. Quem pratica o aborto não merece
mais ser acusado, mas sim amado. Enquanto que a crítica aumentará sua carga
energética negativa, o amor alterará os seus sentimentos. A partir daí o ser
poderá não mais servir de instrumento para atos semelhantes.

Esse
mesmo “motor” não deixará que o “criminoso” (quem praticou) fique “impune”.
Continuará a sofrer às sanções discriminatórias que seus atos geraram por parte
daqueles que assim desejarem, mas não mais reagirá acusando o outro de não
compreende-lo. Cônscio de seu papel na “divina comédia humana” conseguirá
manter a sua própria alegria quando acusado.


Canal: Firmino Leite
Fonte: C.E.U

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