O que a dieta Vegetariana pode fazer com o meu organismo? - Sementes das Estrelas

O que a dieta Vegetariana pode fazer com o meu organismo?

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Antes de mais nada, devo dizer
que a alimentação sem carne pode ser excelente, mas não é a cura para todos os
problemas do corpo físico. A dieta vegetariana pode provocar algumas
modificações no seu organismo. A maioria das pessoas relata melhora na
digestão, na evacuação e na disposição física. No entanto, isso depende de como
era a alimentação e de como ela ficou. Caso a dieta anterior fosse rica em
frutas, verduras e alimentos naturais, com pouca quantidade de carne, as
alterações corporais serão pequenas. No entanto, se ela fosse rica em cereais
refinados, carregada de gordura, com maior quantidade de carne e laticínios, e
a dieta vegetariana adotada for mais natural, as diferenças serão marcantes.

Os alimentos naturais e
integrais proporcionam diversos benefícios ao organismo. Alguns se manifestam
no dia a dia, outros são silenciosos e se materializam na forma de prevenção de
diversas doenças.

Segundo estudos científicos, os
vegetarianos têm mais conhecimento de nutrição do que os onívoros. Isso pode
ser resultado dos desafios sociais e das perguntas frequentes sobre nutrientes
que os vegetarianos têm de responder cotidianamente, que os levam a buscar
informações. De forma geral, a dieta vegetariana tende a ser mais variada e
saudável do que a onívora. O consumo de mais de 100 gramas de carne por dia é
sempre um exagero e, quanto mais aquecida e processada a carne, pior.

O QUE
TENDE A MELHORAR COM A DIETA VEGETARIANA?

De modo geral,
ao adotar a dieta vegetariana, as pessoas passam a ingerir composições
diferentes de vários nutrientes, resultando em diversas modificações no
organismo.

ANTIOXIDANTES

Nosso
organismo forma continuamente radicais livres, compostos que, em quantidade
excessiva, favorecem o surgimento de diversas doenças. A dieta vegetariana
tende a oferecer mais antioxidantes, nutrientes que, presentes em maior
quantidade nos alimentos de origem vegetal e integrais, neutralizam os radicais
livres em excesso e melhoram o funcionamento do organismo, reduzindo a pressão
arterial (pois favorecem a maior dilatação dos vasos sanguíneos) e protegendo
contra doenças cardiovasculares (por manter os transportadores de colesterol
mais íntegros e reduzir a tendência de a gordura se depositar nos vasos
sanguíneos) e diversos tipos de câncer. Estudos demonstram que pessoas com
doenças inflamatórias nas articulações podem se beneficiar com a adoção da
dieta vegetariana, assim como os diabéticos.

FIBRAS

Graças ao
maior teor de fibras, a alimentação vegetariana proporciona um meio interno
intestinal mais rico em bactérias benéficas, exercendo um efeito positivo sobre
o sistema imunológico, sobre a frequência e o volume de evacuações e sobre a
absorção de ferro e cálcio pelo organismo. As fibras auxiliam no controle dos
níveis de colesterol. Graças a elas, parte do colesterol ingerido ou excretado
pela vesícula biliar no intestino é levado para as fezes e, portanto, não é
reabsorvido (não vai para o sangue). As fibras solúveis, presentes em alimentos
como feijão, aveia, cevada e maçã, são fermentadas pelas bactérias no intestino
grosso e transformadas em ácidos graxos de cadeia curta, compostos que, após
absorvidos, modulam a produção de colesterol no fígado. O fígado produz de 70 a
80 por cento do colesterol circulante no organismo.

Ingeridas em
maior quantidade, as fibras auxiliam no controle da saciedade por diversos
motivos. Primeiro, fazem com que o estômago permaneça com alimentos por mais
tempo (já que as fibras retardam o esvaziamento gástrico) e com isso reduzem a
produção de grelina, um hormônio que “avisa o cérebro” que estamos com fome.
Segundo, ao atingir o final do intestino delgado, estimulam a formação e a
liberação de dois hormônios: o GLP-1, que aumenta a formação de células
produtoras de insulina, reduz a velocidade do esvaziamento do estômago e, no
cérebro, produz a sensação de saciedade; e o peptídeo YY, que reduz o
peristaltismo, a velocidade do trânsito intestinal, provocando a sensação de
que estamos empanturrados e reduzindo a sensação de fome. Por todos esses
motivos, o controle da obesidade, das doenças cardiovasculares e do diabetes
são favorecidos.

GORDURA

A dieta
vegetariana apresenta menor teor de gordura saturada e maior teor de gordura
poli-insaturada e pode reduzir significativamente os níveis de colesterol do
organismo. Essa alteração pode modificar as membranas celulares, favorecendo o
transporte mais adequado de componentes presentes no sangue e nas células,
inclusive a glicose (açúcar no sangue), facilitando o controle do diabético.
         
Recomenda-se
que os vegetarianos não exagerem na ingestão de gordura ômega-6 e enfatizem o
ômega-3, para manter esse controle ainda mais adequado.

AMINOÁCIDOS

Retirar a
carne e outros componentes de origem animal do cardápio resulta em maior
ingestão de aminoácidos não essenciais (aqueles que conseguimos produzir), o
que pode aumentar a atividade de um hormônio chamado glucagon. Somado aos
menores níveis sanguíneos de insulina (decorrentes da maior sensibilidade
causada pela dieta mais rica em fibras e com menor teor de gordura saturada), o
resultado final é a redução da gordura circulante, mais facilidade para a perda
de peso e menor risco de alguns tipos de câncer (pela redução de um composto
chamado IGF-1).

LEPTINA
         
A dieta
vegetariana reduz os níveis sanguíneos de leptina, um hormônio produzido pelo
tecido gorduroso que tem função no controle da gordura estocada e do gasto
energético. Assim, ela ajuda a controlar o peso.

DIGESTÃO
        
Alimentos com
maior teor de gordura e proteína, como é o caso da carne, têm digestão mais
lenta e difícil. Sua substituição por alimentos de origem vegetal tende a
tornar a digestão mais fácil e o período pós-prandial (após a alimentação) mais
agradável, com menos sono durante o dia. Algumas pessoas relatam melhora do
sono à noite quando fazem um jantar vegetariano. Isso pode ser explicado, em
parte, pelo melhor esvaziamento gástrico, que tende a ser bem mais lento quando
a gordura e a proteína da carne e dos laticínios estão presentes. Além disso, a
redução ou a ausência de proteína animal costuma levar ao aumento proporcional
do carboidrato ingerido, o que diminui a sensação de peso no estômago e torna o
corpo mais “leve” para dormir. O carboidrato, em detrimento do excesso de
proteína, pode melhorar a qualidade do sono pela estimulação de alguns
neurotransmissores cerebrais.

FITOQUÍMICOS
         
Os
fitoquímicos são substâncias que auxiliam o bom funcionamento orgânico e a
prevenção de diversas doenças crônicas. Os vegetarianos tendem a ingerir mais
desses compostos.

ALERGIAS
ALIMENTARES
         
Elas são mais
comuns do que se imagina. Os veganos costumam relatar melhora importante no
inchaço das pernas e de diversas outras regiões do corpo. Uma das causas do
inchaço é a reação alérgica a compostos de diversos alimentos, sendo a proteína
do leite de vaca a principal. Para sentir definitivamente essa melhora, é
necessário ficar sem ingerir nada de leite e seus derivados (inclusive
manteiga, requeijão e produtos industrializados que contenham leite) por cerca
de três semanas, pois esse é o tempo que demora a dessensibilização do
organismo. Ao ingerir novamente esses produtos, grande parte das pessoas
apresenta inchaço e não quer mais voltar a consumir leite e seus derivados. O
inchaço ocorre mesmo com quantidades pequenas da proteína, pois o estímulo
alérgico se mantém. Alguns também relatam melhora da flutuação de humor e da
compulsão alimentar. Se quiser fazer o teste, suspenda totalmente os laticínios
e providencie uma fonte segura de cálcio. Algumas pessoas, mas não todas,
relatam também melhora importante no quadro de rinite, sinusite e asma depois
de eliminar o leite de vaca da dieta.

O QUE
PODE PIORAR?
         
A queixa
principal dos vegetarianos é unânime: o meio social. Outro ponto a ser considerado
é a dificuldade de encontrar alimentos fora de casa. Para os
ovolactovegetarianos, essa dificuldade é pequena, mas, no caso dos vegetarianos
estritos, pode ser mais complicado. Ao se tornar vegetariano, você não imagina
que quase tudo que fazem nos restaurantes leva carne, incluindo um inocente
molho ao sugo ou aos quatro queijos, que podem levar caldo de frango ou de
carne.
         
Do ponto de
vista nutricional, se você não cuidar da vitamina B12, sua saúde não será
plena. Há um composto no sangue chamado de homocisteína, que pode se elevar na
falta da vitamina B12, B9 (ácido fólico) e B6. No caso dos vegetarianos, a
carência de B12 é a principal responsável por essa elevação. A solução do
problema é simples: basta ingerir a vitamina B12. Se os níveis de homocisteína
permanecerem elevados durante anos, o risco de doenças cardiovasculares e mal
de Alzheimer aumenta, pois o composto tem ação oxidante sobre os tecidos. No
entanto, mesmo com níveis mais elevados de homocisteína, os vegetarianos são
menos propensos às doenças cardiovasculares e ao mal de Alzheimer do que os
onívoros. A explicação para isso está no fato de o melhor estado de defesa
(antioxidante) do organismo vegetariano conseguir neutralizar melhor a
homocisteína elevada.
         
E quem elimina
os laticínios da alimentação precisa tomar cuidado com a ingestão de cálcio. É
possível e fácil manter os níveis adequados de cálcio no organismo, mas, por
falta de cuidado, alguns veganos tendem a ingerir menos do que o recomendado.
Fonte: Livro: Virei Vegetariano e Agora? 
Autor: Dr Eric
Slywitch
Artigo enviado por:
Luís Fernando Costa Jorge
Nutricionista
CRN10 4023P 

Nota: Esse texto ficará disponível na aba “Vegetarianismo” no canto superior direito aqui do Sementes.

Obrigado a todos!

Gabriel
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